terça-feira, 30 de julho de 2013

Negócios aquecem turismo em Petrolina

O segundo maior PIB do interior investe em infraestrutura para atrair turistas

Por Bruna Oliveira

O município de Petrolina, distante 721 km da capital Recife, apresenta um quadro de franca expansão quando o assunto é economia. Não é a toa que a cidade figura entre as 100 maiores do Brasil. E é dona, também, do segundo maior PIB do interior de Pernambuco, perdendo apenas para Caruaru. Petrolina vê esse crescimento se refletir em áreas como a construção civil e, principalmente o turismo, pois a região possui potencialidades que indicam e comprovam o esse desenvolvimento.
É uma das grandes produtoras de uva do Vale do São Francisco, principal rio da região e está localizada na divisa com a Bahia. Só em 2012, mais de 260 mil embarques e desembarques foram registrados no aeroporto local, apontando que o destino do sertão está entre os roteiros bastante procurados e em evidência no cenário econômico estadual e nacional, como destaca o consultor da Fecomércio, Luiz Kehrle: “Petrolina tem um diferencial muito importante no que se refere à balança comercial. A cidade exporta para o exterior e para o Brasil muito mais do que importa, ou seja, entre mais dinheiro do que sai. E isso influencia de maneira direta na escolha da cidade como ponto de turismo”.
A base do avanço no local são os investimentos feitos pelo Governo Federal no interior de Pernambuco, como a transposição do São Francisco. O aumento do salário mínimo, o crescimento da classe média e a escassez de terrenos nas capitais também proporcionam aos empreendedores uma boa oportunidade de investir nos municípios distantes da capital. Sendo assim, os negócios ganham cada vez mais impulsão no viés econômico e turístico.
Historicamente, Petrolina já vem se destacando nesse cenário, pois foi a primeira cidade do interior a ganhar um shopping center, o River Shopping. Além do investimento que faz em irrigação pela proximidade geográfica do Velho Chico. “As cidades do interior cresceram muito como centro de distribuição. Outro diferencial de Petrolina é a produção independente da seca que afeta o sertão nordestino. A cidade faz uso do rio voltado para a questão econômica”, diz Kehrle. De forma acelerada, o município investe em infraestrutura para oferecer aos turistas e moradores, mais entretenimento e opções de lazer, que antes só era possível para os habitantes das capitais do país.
Essa impulsão no crescimento das cidades do interior é explicada por meio dos números. Segundo dados da Associação das Empresas de Shoppings Centers (Abrasce), até o fim de 2013 51% dos shoppings do país estarão localizados no interior dos estados. Há 20 anos esse dado era completamente o oposto, quando 85% dos grandes centros comerciais estavam nas capitais.

GRANDES EMPRESAS INVESTEM EM PETROLINA
Os investimentos em turismo não param de chegar à Petrolina, e o Senac é uma das empresas que vê um promissor potencial de crescimento na região. Em breve, a população vai ganhar o Centro de Enogastronomia e Turismo, o primeiro no segmento a ser implantado em Pernambuco. O projeto ganha força na vocação turística que o município possui para fazer negócio e para lazer. Ao potencializar a própria gastronomia do local e a produção de vinhos, o empreendimento vai possibilitar a abertura de novas perspectivas, do ponto de vista da qualificação profissional e até mesmo de visitação. “Os eixos, que o Senac vai seguir com a implantação do Centro, são hospitalidade e turismo. Por enquanto não temos previsão da data de inauguração porque estamos no processo de compra dos equipamentos e mobília”, informou Goretti Gomes, diretora de operações do Senac.
O investimento foi de 2,4 milhões de reais, custeados pelo Senac nacional. A unidade vai ampliar a capacidade de atendimento do Senac Petrolina, passando de 2,2 mil para 4,5 mil pessoas ao ano. Num espaço de 1,5 mil metros quadrados funcionarão um auditório com capacidade para 250 lugares, uma cozinha didática, uma lanchonete, um laboratório de enologia e cinco salas de aula. Todos os ambientes foram construídos respeitando às normas de acessibilidade.
Serão oferecidos vários cursos para a população local e das cidades circunvizinhas que tiverem o interesse em capacitação profissional. “O Centro foi pensado analisando a região e considerando o arranjo produtivo no local, com o objetivo de acompanhar, principalmente, o crescimento que o Estado vive hoje. Então qualificar esses profissionais para o mercado de trabalho é o caminho para fortalecer ainda mais a economia da região”, finalizou Goretti. Técnico em Hospitalidade, Técnico em guia de Turismo, Sommelier (especialista em vinhos), curso para garçom, atendente de lanchonete e cozinheiro são os cursos de qualificação que o Centro irá disponibilizar.
A área da construção civil pega carona no desenvolvimento da região. Atualmente há um shopping e hotéis em construção. Obras que causam um impacto positivo na economia da região. Outro empreendimento que já está em andamento é o Petrolina Park Shopping. Com previsão para ser inaugurado no primeiro trimestre de 2015, o centro comercial trará uma nova safra de negócios para a região do Vale do São Francisco, e terá ainda um moderno hotel integrado. Um diferencial de negócios, como explica o gerente executivo do Petrolina Park Shopping, Leonardo Pifano: “será um hotel com 140 apartamentos que se integra ao shopping que gera impacto positivo. Pois Petrolina nos últimos 5 anos vem crescendo muito e esses empreendimentos juntos se tornam fomentadores para a economia da região, não só pela questão da tributação, mas também pelos empregos diretos e indiretos gerados”.
O projeto nasceu de uma pesquisa de mercado feita em 2010, que revelou o grande potencial na região do São Francisco. A população estimada em torno não só de Petrolina, mas também de Juazeiro e das demais cidades vizinhas é de um milhão de habitantes. E com isso mostrou, segundo Leonardo, ter demanda suficiente para receber uma construção desse porte. Mais de 1500 empregos estão sendo gerados no processo de construção e instalação do shopping. E depois de inaugurado novas oportunidades serão abertas para o mercado. “Vamos gerar em torno de 5 a 6 mil empregos depois de concluir a obra, priorizamos a mão de obra local para ajudar ainda mais no desenvolvimento econômico da região”, contou.

O investimento em grandes obras de cunho econômico e turístico é reflexo do avanço de Petrolina e região há muitos anos. O local já ganhou porte de cidade grande, por causa, não só, do potencial do rio São Francisco como atração turística, mas pela chegada do aeroporto e de grandes empresas para aumentar o investimento na área. “Esse cenário se reflete de forma muito positiva para a economia do Estado, pois gera renda e impostos”, finalizou Kehrle.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Economizar água: uma questão de sobrevivência

Eliminar situações de desperdício é um dos caminhos para o consumo consciente de água

Por Bruna Oliveira

Você sabia que apenas 3% da água do planeta é doce e grande parte das reservas está concentrada em geleiras nas calotas polares? Sabia que 26 países já enfrentam problemas de escassez de água? Esses dados alertam para a necessidade de diminuir o desperdício de água, e o caminho é usar o recurso de forma consciente, mudando hábitos diários, como escovar os dentes, lavar louças ou tomar banho. Esse pensamento ganha mais força pela situação de seca rigorosa enfrentada pelo Nordeste, a maior dos últimos 50 anos.  
Está cada vez mais difícil ter água em grandes proporções, por isso “independente de ser época de seca ou abundância no abastecimento, o uso racional da água deve ser permanente. A cooperação da população nessa campanha é muito importante para que passemos por essa crise”, destaca o gerente de Meio Ambiente da Compesa, Eduardo Elvino. O Brasil possui 12% das reservas de água doce no mundo e o Nordeste tem menos de 5% desse total, grande parte da água é subterrânea, com teor de sal impróprio para o consumo humano. O Governo Federal criou, diante desse panorama que afeta não só o Nordeste, o Progestão, Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela gestão das Águas. Com a iniciativa, o Governo vai distribuir, anualmente, o recurso de R$ 750 mil reais para os estados que aderirem ao programa, com o objetivo de melhorar a gestão dos recursos hídricos.
Investimento utilizando tecnologia também pode ser uma saída promissora de economia. “Já temos caso de redução de mais de 30% no consumo de água usando equipamentos de monitoramento 24h”, diz Gustavo Veiga, diretor da Telemetric, empresa que há cerca de um ano implantou no mercado uma ferramenta de medição de consumo. Os criadores a definem como automação conectada, pois o equipamento permite que as pessoas monitorem o gasto diário por meio da internet, além de verificar vazamentos com mais facilidade. “Quando o consumo está acima da média o sistema manda um alerta para avisar ao cliente, que imediatamente constata o problema”, conclui Gustavo.
O Instituto Trata Brasil divulgou no final de 2012 um dado que reforça o alerta sobre o consumo consciente de água. De cada 100 litros de água coletados, em média, 64 chegam às torneiras dos brasileiros, os outros litros se perdem no caminho. Números que indicam uma perda no sistema nacional de 36%.
O taxista, Arcelino Ferreira de Brito, 45 anos, viveu de perto a dificuldade de conseguir água para beber, quando não havia água encanada em Pernambuco. Mesmo assim, durante muitos anos ele contribuiu para aumentar o índice de desperdício. Arcelino costumava lavar o carro e regar as plantas usando a mangueira. Hoje, preocupado com o futuro da sociedade que sofre com a seca, ele trocou a mangueira por um balde. “A gente teve a consciência de aproveitar melhor a água por causa da seca”, contou. E essa foi apenas uma das medidas que ele adotou, com o apoio da família, para preservar a água. No início de 2013, todos passaram a reaproveitar a água usada no banho e na lavagem de roupas para utilizá-la na descarga do vaso sanitário. Outra prática de economia é realizada na casa ao lavar as louças, “eu passo sabão em todos os pratos e depois lavo tudo de uma vez só. A partir de agora a água nunca mais será desperdiçada em minha casa”, afirmou.
Segundo Eduardo Elvino, gerente de Meio Ambiente da Compesa, são pequenas mudanças de atitude como a de Arcelino que fazem a diferença. “Ao tomar um banho de 15 minutos com a torneira aberta, você gasta cerca de 135 litros de água. Se você diminuir esse tempo para 5 minutos e dar intervalos de fechamento enquanto se ensaboa, o gasto será de 45 litros”, exemplifica. Levando em consideração o uso doméstico, a média da quantidade de água para consumo é de 120 litros diários por pessoa. Porém essas quantidades dependem das condições de instalações da casa e também das atividades que são realizadas. O banheiro é o lugar onde o gasto de água apresenta maiores proporções: 36% somente na descarga.

Usar a água com mais cuidado e consciente é, além de economia, um passo para preservar o futuro da humanidade.