Eliminar situações de desperdício é um dos caminhos
para o consumo consciente de água
Por Bruna Oliveira
Você sabia que apenas 3% da água do planeta é doce
e grande parte das reservas está concentrada em geleiras nas calotas polares? Sabia
que 26 países já enfrentam problemas de escassez de água? Esses dados alertam
para a necessidade de diminuir o desperdício de água, e o caminho é usar o
recurso de forma consciente, mudando hábitos diários, como escovar os dentes,
lavar louças ou tomar banho. Esse pensamento ganha mais força pela situação de
seca rigorosa enfrentada pelo Nordeste, a maior dos últimos 50 anos.
Está cada vez mais difícil ter água em grandes
proporções, por isso “independente de ser época de seca ou abundância no
abastecimento, o uso racional da água deve ser permanente. A cooperação da
população nessa campanha é muito importante para que passemos por essa crise”,
destaca o gerente de Meio Ambiente da Compesa, Eduardo Elvino. O Brasil possui
12% das reservas de água doce no mundo e o Nordeste tem menos de 5% desse
total, grande parte da água é subterrânea, com teor de sal impróprio para o
consumo humano. O Governo Federal criou, diante desse panorama que afeta não só
o Nordeste, o Progestão, Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela gestão
das Águas. Com a iniciativa, o Governo vai distribuir, anualmente, o recurso de
R$ 750 mil reais para os estados que aderirem ao programa, com o objetivo de
melhorar a gestão dos recursos hídricos.
Investimento utilizando tecnologia também pode ser
uma saída promissora de economia. “Já temos caso de redução de mais de 30% no
consumo de água usando equipamentos de monitoramento 24h”, diz Gustavo Veiga, diretor
da Telemetric, empresa que há cerca de um ano implantou no mercado uma
ferramenta de medição de consumo. Os criadores a definem como automação
conectada, pois o equipamento permite que as pessoas monitorem o gasto diário
por meio da internet, além de verificar vazamentos com mais facilidade. “Quando
o consumo está acima da média o sistema manda um alerta para avisar ao cliente,
que imediatamente constata o problema”, conclui Gustavo.
O Instituto Trata Brasil divulgou no final de 2012
um dado que reforça o alerta sobre o consumo consciente de água. De cada 100
litros de água coletados, em média, 64 chegam às torneiras dos brasileiros, os
outros litros se perdem no caminho. Números que indicam uma perda no sistema
nacional de 36%.
O taxista, Arcelino Ferreira de Brito, 45 anos, viveu
de perto a dificuldade de conseguir água para beber, quando não havia água
encanada em Pernambuco. Mesmo assim, durante muitos anos ele contribuiu para
aumentar o índice de desperdício. Arcelino costumava lavar o carro e regar as
plantas usando a mangueira. Hoje, preocupado com o futuro da sociedade que
sofre com a seca, ele trocou a mangueira por um balde. “A gente teve a
consciência de aproveitar melhor a água por causa da seca”, contou. E essa foi
apenas uma das medidas que ele adotou, com o apoio da família, para preservar a
água. No início de 2013, todos passaram a reaproveitar a água usada no banho e
na lavagem de roupas para utilizá-la na descarga do vaso sanitário. Outra
prática de economia é realizada na casa ao lavar as louças, “eu passo sabão em
todos os pratos e depois lavo tudo de uma vez só. A partir de agora a água
nunca mais será desperdiçada em minha casa”, afirmou.
Segundo Eduardo Elvino, gerente de Meio Ambiente da
Compesa, são pequenas mudanças de atitude como a de Arcelino que fazem a
diferença. “Ao tomar um banho de 15 minutos com a torneira aberta, você gasta cerca
de 135 litros de água. Se você diminuir esse tempo para 5 minutos e dar intervalos
de fechamento enquanto se ensaboa, o gasto será de 45 litros”, exemplifica.
Levando em consideração o uso doméstico, a média da quantidade de água para
consumo é de 120 litros diários por pessoa. Porém essas quantidades dependem
das condições de instalações da casa e também das atividades que são
realizadas. O banheiro é o lugar onde o gasto de água apresenta maiores
proporções: 36% somente na descarga.
Usar a água com mais cuidado e consciente é, além
de economia, um passo para preservar o futuro da humanidade.
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