quarta-feira, 25 de junho de 2014

Do estilo convencional ao moderno feito sob medida

Como o mercado de móveis planejados vem conquistando tanto consumidores quanto profissionais da área

Montar o ambiente ideal, que combine com o estilo de uma pessoa pode parecer algo, afinal o gosto é algo inerente à personalidade de cada um. Mas com o crescimento do mercado de móveis feitos sob medida, essa premissa se mostra um pouco ultrapassada, por causa da facilidade apresentada pelas empresas especialistas no ramo, que atendem, atualmente, a maioria das classes econômicas brasileiras. Panorama bem diferente do que era encontrado na década de 80, como ressalta o arquiteto, Anderson Lula Aragão: “Nos anos 80 já existiam lojas do segmento de móveis planejados, mas era voltado somente para a classe A, pois era algo muito caro e as outras classes não tinham capital para investir”. Um dos motivos para o boom do mercado de móveis planejados, segundo Anderson, foi a resistência e a desconfiança das pessoas quanto ao trabalho dos marceneiros. “Quem contrata o marceneiro geralmente paga antecipado, mas aí, em alguns casos, o profissional atrasa a entrega, não faz um bom acabamento, e isso resultou do crescimento das lojas especializadas”, explicou.
E com o avanço do ramo no cenário atual, uma empresa que se destaca é a Florense, que já está no mercado nacional há 60 anos e em Pernambuco há 26. A empresa oferece serviços de comercialização e instalação de móveis planejados para casa e também para o ambiente corporativo. Ao todo são 71 unidades espalhadas pelo Brasil. “Nós atendemos clientes das classes AB que estejam em busca de móveis inovadores e de qualidade. Durante o processo de vendas, os arquitetos parceiros e nossos consultores colhem as informações que moldam o perfil dos clientes”, disse a equipe de Marketing da Florense ao explicar que os projetos são alinhados ao estilo de cada consumidor.
A exclusividade dos projetos é um grande atrativo para o público-alvo das lojas que confeccionam móveis sob medida, pois como os ambientes são diferentes, os projetos desenvolvidos ganham forma única e tudo de acordo com a personalidade do cliente.
Quando o mercado se mostra rentável para umas, abre as portas para outras. É o caso da empresa Flores & Maciel Arquitetura e Design formado por duas sócias: a arquiteta e paisagista Renata Flores, que já está no mercado há 7 anos com escritório de arquitetura e a designer de interiores Emília Maciel, que trabalhou durante 4 anos em lojas do segmento de móveis planejados. Elas contam que o aquecimento da construção civil motivou a junção e formação do escritório Flores & Maciel. “Em janeiro de 2014 decidimos fundir os escritórios por causa da experiência que uma tem com construção civil e que a outra tem de fabricação de mobiliário, estamos otimistas em relação ao nosso crescimento e estamos vendo resultados não só em Recife, mas em Pernambuco como um todo”, falou Emília. A gama de serviços oferecidos conta como um atrativo para conquistar clientes. “A gente presta serviço de projetos de construção civil, projetos de decoração de interiores, projetos de mobiliário sob medida, assessoramento de obra e consultoria de intervenção arquitetônica”, concluiu Renata.
Todo o processo de construção do projeto e encomenda do mobiliário é feito a partir de uma conversa com os clientes. O arquiteto Anderson conta que muitos profissionais já vão com um computador com tecnologia 3D para facilitar o entendimento do projeto, “o arquiteto, com essa tecnologia em mãos, pode fazer os ensaios de acordo com o perfil do cliente, faz as combinações e já dá o orçamento na hora. É um processo mais rápido, porque, de uma vez só, o profissional mostra o projeto e ajusta de acordo com o gosto e com as condições financeiras do consumidor”, completou.
Um desses programas é o Promob, utilizado pelo arquiteto e empresário Rogério Domingues. Em 2002, ele, também pelo crescimento do mercado de construção civil, resolveu investir no ramo ao abrir uma loja de fabricação e montagem de móveis planejados. “Em sempre trabalhei com construção civil e sempre tive a tendência para fabricar móveis”, contou. Dez anos depois de ter a loja inaugurada, a área continua a mostrar, na visão de Rogério, um importante potencial de investimento. Ele começou com uma loja de apenas 50 m² onde podia montar três ambientes: quarto, sala e cozinha. Hoje a situação é diferente, o espaço tem 120 m² onde, o arquiteto conseguiu montar, em duas salas, dois apartamentos completos e distintos como mostruário. “Nos três primeiros anos, eu vendia em torno de cinco ambientes por mês, hoje o número gira em torno de 22, foi um avanço muito grande e tenho boas perspectivas quanto ao futuro”, concluiu Rogério.

Profissional dentro de casa
A jornalista Ericka Farias e o marido Breno Buonafina escolheram decorar a casa sob medida, mas para eles foi diferente, pois Breno é arquiteto e tornou o desejo do casal um pouco mais fácil e prático de realizar. “O fato de o meu marido ser arquiteto ajudou bastante nessa escolha porque ele estava apto a montar o projeto e já estávamos familiarizados com os tipos de materiais que poderíamos escolher”, contou Ericka. O processo de desenvolvimento do projeto durou cerca de 1 mês e demandou muita pesquisa em lojas do segmento. Com a decisão, um benefício adquirido foi a otimização do espaço do apartamento do casal de apenas 55 m². “Conseguimos aproveitar bem o espaço e acomodar tudo o que tínhamos”, explicou o casal.

Para chegar na composição do estilo ideal também demanda tempo, já que precisa atender aos desejos dos dois. O casal optou pela escolha de móveis compensados por ser um material de maior qualidade que o MDF, normalmente utilizado nas lojas de móveis. “Escolhemos um estilo bem clean e com uma pegada moderna, utilizamos madeira escura na sala e branda para o closet e para a cozinha”. Para a jornalista Ericka, o resultado superou as expectativas alimentadas durante o processo de desenvolvimento do projeto, fabricação e montagem dos móveis, “hoje temos uma casa bastante funcional e bem adaptada às nossas necessidades”, finalizou.

Teatro pernambucano em foco

Um resgate sobre a situação dos teatros no Estado

Em 27 de março, comemorou-se o dia Mundial do Teatro, e para celebrar esse momento, que tal refletir um pouco sobre a realidade dos equipamentos culturais do Estado? Pode parecer difícil, mas basta apenas relembrar o que temos e perceber como se encontra o estado de conservação desses lugares que transpiram cultura e arte, seja pelos espetáculos ou pela própria arquitetura dos prédios.
A história do teatro em Pernambuco começou no século 19 e guarda na memória dos espectadores muitas histórias e espetáculos ao longo dos séculos. O estado é reconhecido com um dos principais pólos desse segmento no Brasil. Teatros centenários, históricos e patrimônios culturais são pontos turísticos mais que obrigatórios para os visitantes e, claro, para os pernambucanos. Em 1939, foi iniciada a construção do teatro mais antigo do Recife, o teatro Apolo, localizado na Rua do Apolo, Bairro do Recife. O espaço foi inaugurado somente em 1842 e funcionou por 18 anos. Após esse período, foi vendido e transformado em armazém de açúcar. O Teatro retomou o caminho de volta ao cenário cênico em 1981, com a restauração do prédio. Mas só em 1996, reabriu como Cine Teatro Apolo, apresentando programação alternativa a preços populares.
E quando o assunto é teatro, Pernambuco apresenta importantes conquistas. O Teatro Santa Isabel foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1949, representando o primeiro e mais expressivo exemplar de Arquitetura Neoclássica no Estado, um dos 14 teatros-monumento do país. Com 164 anos de história, o teatro foi inaugurado em 18 de maio de 1850 e ganhou nome em homenagem à princesa Isabel, filha do imperador Pedro II, a encenação inaugural foi o drama O Pajem D’ Aljubarrota, do escritor português Mendes Leal. O Santa Isabel, situado no bairro de Santo Antônio, é reconhecido como um dos teatros mais antigos em funcionamento da América Latina. Shows, concertos musicais, óperas, espetáculos de dança e teatro, solenidades especiais e saraus literários fazem para da rotina do local.
Com mais de três décadas de história O Teatro Guararapes, localizado no Centro de Convenções de Pernambuco, é um dos palcos que mais recebe grupos artísticos de renome nacional, seja drama, comédia ou qualquer outro estilo o espaço sempre lota em dias de espetáculo. Recentemente, em 24 de janeiro desse ano, foi fechado para reforma, onde cerca de 50 pessoas trabalharam num período de 45 dias. O investimento de R$ 4,2 milhões foi feito pela Empresa de Turismo de Pernambuco, a Empetur, com o objetivo de ampliar o acesso do público ao teatro. “Para manter a qualidade que o público merece, fizemos uma reforma em um período de 45 dias. Elegemos uma data estratégica, tendo em vista um período de menor demanda de utilização do espaço, para não prejudicar nenhuma pauta. Requalificamos o palco, trocamos cortina, poltronas, carpete, e, principalmente, investimos em acessibilidade, tudo de acordo com as exigências da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Quando o publico chega ao espaço, já nota a mudança das poltronas que agora são mais largas e confortáveis”, disse o presidente da Empetur, André Correia.
A repaginação teve o foco principal em acessibilidade e agora o teatro oferece 18 espaços para cadeirantes e assentos para os acompanhantes, além de 12 poltronas para obesos e 12 poltronas para pessoas com mobilidade reduzida. Ao todo, o teatro conta com mais de 2.400 lugares. A reforma ainda incluiu a troca dos carpetes e poltronas, pintura, recuperação do tablado e a instalação de cortinas anti-chamas e de iluminação indicativa para os degraus. A reabertura oficial foi no dia 15 de março com a apresentação da peça Maria do Caritó, encenada por Lília Cabral e com texto do pernambucano Newton Moreno.
Enquanto os tradicionais teatros continuam em cena, mais um espaço do segmento é lançado para ampliar as possibilidades do pernambucano que aprecia um bom espetáculo. Entra em pauta o teatro do shopping RioMar. Inaugurado em fevereiro passado com peça da dupla Marisa Orth e Miguel Falabella, o local possui capacidade para 720 espectadores. O equipamento cultural surge como novidade na capital, também, por ser localizado dentro de um shopping.

O desfecho da reforma do Cine Teatro do Parque
O Cine Teatro do Parque, localizado no Bairro da Boa Vista, foi construído pelo comerciante português Bento de Aguiar por cerca de 200 contos de réis na época. O prédio, com características art-nouveau, foi inaugurado em 24 de agosto de 1915 com apresentação da Companhia Portuguesa de Operetas e Revistas. Ele já passou por reformas na década de 50. Em 1973, o Teatro do Parque foi transformado no primeiro cinema educativo permanente do Brasil.
O patrimônio cultural da cidade do Recife também foi palco para o cinema mudo, em que os filmes eram acompanhados por músicos que depois fizeram nome, como o compositor e maestro Nelson Ferreira, além de também fazer parte da consagração do cinema falado. O espaço é aproveitado de várias formas: o palco recebe as apresentações de artes cênicas e música e o jardim e o hall mostram exposições. Mas desde 2010 está de portas fechadas à espera de intervenção para recuperação da estrutura de forma a atender com segurança e comodidade os espectadores. As marcas de abandono estão presentes na fachada do prédio, que é quase centenário, mas ainda espera pela devida atenção das autoridades competentes.

Em agosto de 2013, a Fundação de Cultura do Recife (FCCR) firmou convênio com o Centro de Estudos Avançados de Conservação Integrada (CECI) para iniciar o processo de reforma do espaço. O convênio previu a elaboração de um Plano de Gestão da Conservação do Teatro do Parque, para servir de orientação à reforma, bem como a manutenção preventiva após a reabertura do espaço. O documento observou aspectos como o levantamento arquitetônico e a documentação fotográfica, os estudos de drenagem de águas pluviais, o projeto de revisão das instalações elétricas de climatização, de acústica e de sonorização, o projeto de cenotécnica e iluminação cênica. O plano está em fase final de revisão por técnicos da Secretaria de Projetos Especiais. A previsão é de que o edital de licitação seja divulgado em abril deste ano e que o teatro reabra no ano do seu centenário (2015).