Um resgate sobre a situação dos
teatros no Estado
Em
27 de março, comemorou-se o dia Mundial do Teatro, e para celebrar esse
momento, que tal refletir um pouco sobre a realidade dos equipamentos culturais
do Estado? Pode parecer difícil, mas basta apenas relembrar o que temos e
perceber como se encontra o estado de conservação desses lugares que transpiram
cultura e arte, seja pelos espetáculos ou pela própria arquitetura dos prédios.
A
história do teatro em Pernambuco começou no século 19 e guarda na memória dos
espectadores muitas histórias e espetáculos ao longo dos séculos. O estado é
reconhecido com um dos principais pólos desse segmento no Brasil. Teatros
centenários, históricos e patrimônios culturais são pontos turísticos mais que
obrigatórios para os visitantes e, claro, para os pernambucanos. Em 1939, foi
iniciada a construção do teatro mais antigo do Recife, o teatro Apolo,
localizado na Rua do Apolo, Bairro do Recife. O espaço foi inaugurado somente
em 1842 e funcionou por 18 anos. Após esse período, foi vendido e transformado
em armazém de açúcar. O Teatro retomou o caminho de volta ao cenário cênico em
1981, com a restauração do prédio. Mas só em 1996, reabriu como Cine Teatro
Apolo, apresentando programação alternativa a preços populares.
E
quando o assunto é teatro, Pernambuco apresenta importantes conquistas. O
Teatro Santa Isabel foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
em 1949, representando o primeiro e mais expressivo exemplar de Arquitetura
Neoclássica no Estado, um dos 14 teatros-monumento do país. Com 164 anos de
história, o teatro foi inaugurado em 18 de maio de 1850 e ganhou nome em
homenagem à princesa Isabel, filha do imperador Pedro II, a encenação inaugural
foi o drama O Pajem D’ Aljubarrota, do escritor português Mendes Leal. O Santa
Isabel, situado no bairro de Santo Antônio, é reconhecido como um dos teatros
mais antigos em funcionamento da América Latina. Shows, concertos musicais,
óperas, espetáculos de dança e teatro, solenidades especiais e saraus
literários fazem para da rotina do local.
Com mais de três décadas de história O
Teatro Guararapes, localizado no Centro de Convenções de Pernambuco, é um dos
palcos que mais recebe grupos artísticos de renome nacional, seja drama,
comédia ou qualquer outro estilo o espaço sempre lota em dias de espetáculo. Recentemente,
em 24 de janeiro desse ano, foi fechado para reforma, onde cerca de 50 pessoas
trabalharam num período de 45 dias. O investimento de R$ 4,2 milhões foi feito
pela Empresa de Turismo de Pernambuco, a Empetur, com o objetivo de ampliar o
acesso do público ao teatro. “Para manter
a qualidade que o público merece, fizemos uma reforma em um período de 45 dias.
Elegemos uma data estratégica, tendo
em vista um período de menor demanda de utilização do espaço, para não
prejudicar nenhuma pauta. Requalificamos o palco, trocamos cortina, poltronas,
carpete, e, principalmente, investimos em acessibilidade, tudo de acordo com as
exigências da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Quando o publico chega
ao espaço, já nota a mudança das poltronas que agora são mais largas e
confortáveis”, disse o presidente da Empetur, André Correia.
A
repaginação teve o foco principal em acessibilidade e agora o teatro oferece 18
espaços para cadeirantes e assentos para os acompanhantes, além de 12 poltronas
para obesos e 12 poltronas para pessoas com mobilidade reduzida. Ao todo, o
teatro conta com mais de 2.400 lugares. A reforma ainda incluiu a troca dos
carpetes e poltronas, pintura, recuperação do tablado e a instalação de
cortinas anti-chamas e de iluminação indicativa para os degraus. A reabertura
oficial foi no dia 15 de março com a apresentação da peça Maria do Caritó,
encenada por Lília Cabral e com texto do pernambucano Newton Moreno.
Enquanto
os tradicionais teatros continuam em cena, mais um espaço do segmento é lançado
para ampliar as possibilidades do pernambucano que aprecia um bom espetáculo.
Entra em pauta o teatro do shopping RioMar. Inaugurado em fevereiro passado com
peça da dupla Marisa Orth e Miguel Falabella, o local possui capacidade para
720 espectadores. O equipamento cultural surge como novidade na capital, também,
por ser localizado dentro de um shopping.
O desfecho da reforma do Cine Teatro
do Parque
O
Cine Teatro do Parque, localizado no Bairro da Boa Vista, foi construído pelo
comerciante português Bento de Aguiar por cerca de 200 contos de réis na época.
O prédio, com características art-nouveau, foi inaugurado em 24 de agosto de 1915
com apresentação da Companhia Portuguesa de Operetas e Revistas. Ele já passou
por reformas na década de 50. Em 1973, o Teatro do Parque foi transformado no
primeiro cinema educativo permanente do Brasil.
O
patrimônio cultural da cidade do Recife também foi palco para o cinema mudo, em
que os filmes eram acompanhados por músicos que depois fizeram nome, como o
compositor e maestro Nelson Ferreira, além de também fazer parte da consagração
do cinema falado. O espaço é aproveitado de várias formas: o palco recebe as
apresentações de artes cênicas e música e o jardim e o hall mostram exposições.
Mas desde 2010 está de portas fechadas à espera de intervenção para recuperação
da estrutura de forma a atender com segurança e comodidade os espectadores. As
marcas de abandono estão presentes na fachada do prédio, que é quase
centenário, mas ainda espera pela devida atenção das autoridades competentes.
Em
agosto de 2013, a Fundação de Cultura do Recife (FCCR) firmou convênio com o
Centro de Estudos Avançados de Conservação Integrada (CECI) para iniciar o
processo de reforma do espaço. O convênio previu a elaboração de um Plano de
Gestão da Conservação do Teatro do Parque, para servir de orientação à reforma,
bem como a manutenção preventiva após a reabertura do espaço. O documento
observou aspectos como o levantamento arquitetônico e a documentação
fotográfica, os estudos de drenagem de águas pluviais, o projeto de revisão das
instalações elétricas de climatização, de acústica e de sonorização, o projeto
de cenotécnica e iluminação cênica. O
plano está em fase final de revisão por técnicos da Secretaria de Projetos
Especiais. A previsão é de que o edital de licitação seja divulgado em abril
deste ano e que o teatro reabra no ano do seu centenário (2015).
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